Pesquisadores identificam três novas espécies de plantas na Mata Atlântica

Descobertas em Linhares (ES) incluem espécies raras da família Marantaceae e do gênero Solanum, reforçando a importância da conservação da biodiversidade brasileira.

Espécie Ctenanthe brevibractea (Caeté vermelho), uma das plantas descobertas na Reserva Natural Vale — Foto: Sarah Johnson
Espécie Ctenanthe brevibractea (Caeté vermelho), uma das plantas descobertas na Reserva Natural Vale. Crédito: Sarah Johnson

Pesquisadores brasileiros e britânicos anunciaram a descoberta de três novas espécies de plantas nativas da Mata Atlântica em Linhares (ES), uma das regiões mais biodiversas do país.

As duas primeiras espécies, Saranthe rufopilosa e Ctenanthe brevibractea, pertencem à família Marantaceae, que reúne cerca de 230 espécies no Brasil. Elas foram localizadas na Reserva Natural Vale.

A família Marantaceae é composta por espécies tropicais conhecidas por suas folhas ornamentais e adaptação a ambientes sombreados e úmidos. Muitas são utilizadas como plantas decorativas e possuem grande valor ecológico, pois ajudam na manutenção de microclimas e na proteção do solo.

Vinte anos de pesquisa até a publicação

As descobertas são fruto de duas décadas de estudos, desde a coleta inicial até a confirmação de que não se tratava de espécies já conhecidas pela ciência.

A “certidão de nascimento” das novas plantas foi emitida em janeiro deste ano com a publicação dos estudos na revista científica Phytotaxa, especializada na flora mundial.

Espécies recebem nomes populares

Popularmente, as plantas foram batizadas de caeté-joelho e caeté-vermelho, nomes comuns para espécies do grupo Marantaceae, o mesmo que inclui plantas como o gengibre.

A terceira espécie, Solanum phrixothrix, foi identificada fora da reserva, em áreas próximas. Ela pertence ao mesmo gênero do jiló, tomate e berinjela.

O gênero Solanum, com mais de mil espécies, inclui plantas de extrema relevância econômica e científica, como o tomate (Solanum lycopersicum) e a batata (Solanum tuberosum). A identificação de novas espécies nesse grupo amplia o conhecimento sobre a evolução e a diversidade genética dessas plantas.

Diferença de dois séculos entre coletas

Segundo os pesquisadores, somente duas amostras da planta foram encontradas até hoje — uma há 200 anos e outra recentemente, o que torna a descoberta ainda mais singular.

Apesar da coleta histórica, a primeira amostra nunca havia sido registrada oficialmente. A identificação recente foi essencial para descrever a espécie cientificamente.

Descoberta reforça valor da biodiversidade

A descrição de Solanum phrixothrix foi publicada em março na revista PhytoKeys por especialistas do Museu de História Natural de Londres, UFMG e UFPB.

“Só duas amostras dessa planta foram coletadas até hoje, com diferença de 200 anos entre a primeira e a segunda coleta”, afirmou Patrícia Daros, representante da Vale, que apoia a pesquisa.

As descobertas reforçam a importância da Mata Atlântica, bioma que cobre apenas cerca de 12% de sua extensão original, mas ainda abriga mais de 20 mil espécies de plantas — muitas delas endêmicas. A região de Linhares, no norte do Espírito Santo, é um dos últimos redutos bem preservados do bioma.

Referências da notícia

O Globo. Pesquisadores descobrem três novas espécies de plantas da Mata Atlântica. 2025