O planeta está aquecendo e não há mais espaço para negar ou normalizar esse fato. Todo mês, os boletins climáticos divulgados pelo Observatório Copernicus, o serviço europeu de mudanças climáticas, chegam com novos alertas, e o de Abril de 2025 não foi diferente.
Este é mais um capítulo da crise climática em curso, onde a repetição desse padrão não é coincidência — é consequência.
A análise do banco de dados ERA5, do ECWMF, mostrou que a temperatura média da superfície do ar ao redor do globo em Abril de 2025 atingiu 14,96°C. Embora este valor pareça baixo a uma primeira impressão, ele revela um cenário alarmante e representa:
Este foi o 21º mês, entre os últimos 22, que ultraou o limiar de 1,5°C, estabelecido no Acordo de Paris. No gráfico acima é possível notar uma disparada do aquecimento desde Junho de 2023, quando a linha das anomalias se descola das demais - que representam os anos anteriores desde 1940.
As regiões que mais contribuíram para o recorde de Abril de 2025 foram o norte da Ásia, especialmente a Sibéria, o Ártico, a Península Antártica, o Oriente Médio e partes da Europa Oriental e América do Norte, com anomalias que chegaram a até +7°C em relação à média de 1991–2020. Globalmente, destaca-se:
Algumas regiões registraram temperaturas abaixo da média, incluindo o cone sul da América do Sul, leste do Canadá e da Antártida, e nordeste da Groenlândia. Mesmo assim, as anomalias quentes se sobressaíram.
Em Abril de 2025, as temperaturas da superfície do mar (TSM) continuaram acima da média histórica, com uma média de 20,89°C, 0,39°C superior à média de 1991-2020. O mês foi o segundo mais quente registrado para Abril, com a TSM no Pacífico equatorial ocidental atingindo níveis recordes.
Além disso, áreas como o Atlântico Norte nordeste e o Mar Mediterrâneo também apresentaram TSMs anormalmente altas, mantendo-se muito acima da média. Embora o Pacífico central e oriental tenha mostrado condições neutras do El Niño, outras regiões oceânicas continuaram com aquecimento persistente.
A sequência de recordes de aquecimento global expõe de forma contundente o fracasso das ações globais previstas no Acordo de Paris. Assinado com o objetivo de limitar o aquecimento global a 1,5°C até o final do século, o tratado internacional parece cada vez mais distante de ser cumprido.
Esses recordes sucessivos não são apenas números, mas sim evidências do colapso climático em curso e da urgência inadiável de ações concretas, ambiciosas e coordenadas para reduzir emissões e proteger vidas.
Surface air temperature for April 2025, publicado em 8 de Maio de 2025 pelo Climate Change Service - Copernicus - ECMWF.