Previsão climática global para Maio a Julho de 2025 aponta para um planeta quase totalmente aquecido

Boletim divulgado pela Organização Meteorológica Mundial deixa uma mensagem clara: o aquecimento global vem impondo se forma generalizada e persistente.

O papel da ação humana no aquecimento global já é considerado cientificamente inequívoco, ou seja, que não deixa dúvidas. Na foto, uma central termelétrica a carvão na China. Reprodução/El País.
O papel da ação humana no aquecimento global já é considerado cientificamente inequívoco, ou seja, que não deixa dúvidas. Na foto, uma central termelétrica a carvão na China. Reprodução/El País.

A mais recente atualização da previsão sazonal do clima global, publicada em 23 de Abril pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), traz uma previsão alarmante: praticamente todo o globo terrestre enfrentará temperaturas acima da média nos próximos três meses.

Essa projeção vem de um ensemble formado por nove modelos climáticos — ou seja, uma média calculada a partir de diferentes simulações feitas por centros meteorológicos ao redor do mundo. Mesmo suavizando diferenças entre as simulações, o conjunto reforça uma mensagem clara: o aquecimento segue forte e se espalha quase sem exceções pelo planeta.

Oceanos aquecidos impulsionam um planeta ainda mais quente

A previsão para o trimestre de Maio a Julho de 2025 é de que as temperaturas da superfície do mar permaneçam acima da média em quase todos os oceanos, reforçando o potencial de aquecimento sobre os continentes.

Enquanto o Oceano Pacífico central apresenta tendência de permanecer dentro da neutralidade, os setores leste e oeste estarão mais aquecidos, assim como o Oceano Atlântico Tropical Norte e Sul, e o Oceano Índico.

As regiões com previsão de temperaturas abaixo da média am quase imperceptíveis. Créditos: OMM.
As regiões com previsão de temperaturas abaixo da média am quase imperceptíveis. Créditos: OMM.

Consistentemente com os oceanos mais aquecidos, as temperaturas devem ficar acima da média em praticamente todas as áreas continentais.

Embora o relatório não utilize a palavra “inédito”, a abrangência do aquecimento previsto chama atenção pela quantidade e diversidade de regiões afetadas — reforçando a gravidade da crise climática em curso.

No Brasil, há mais de 70% de probabilidade que as temperaturas fiquem acima da média na maior parte do território, especialmente na área entre a região Sudeste, Nordeste e Norte.

Alteração do regime de chuvas

As projeções de precipitação para os próximos três meses também são alarmantes e indicam que a chuva deve ficar abaixo do normal em partes críticas como:

  • Pacífico Equatorial
  • Oeste dos Estados Unidos
  • Costa oeste da América do Sul (região Nordeste do Brasil) e Central
  • Atlântico Equatorial
  • Sul da América do Sul.
chuva
A previsão de precipitação destaca grande probabilidade de áreas críticas receberem chuvas abaixo da média. Créditos: OMM.

Em contraste, chuvas acima do normal são esperadas no subcontinente indiano, partes da Ásia oriental, África equatorial e noroeste da América do Sul. Esses padrões indicam uma instabilidade crescente nos ciclos hidrológicos regionais, potencializando crises de segurança hídrica e alimentar.

O futuro imediato exige atenção e ação

A previsão climática global para Maio, Junho e Julho de 2025 deveria soar como um alarme para tomadores de decisão e a sociedade civil. O planeta caminha para um estado de aquecimento quase onipresente, mesmo na ausência de fenômenos característicos de aquecimento, como um El Niño.

Protestos ao redor do mundo exigem tomada de ação por parte dos governantes, mas ainda são pontuais.
Protestos ao redor do mundo exigem tomada de ação por parte dos governantes, mas ainda são pontuais.

A predominância de temperaturas acima do normal e alterações nos padrões de chuva sinalizam um sistema climático em desequilíbrio. A urgência de medidas de mitigação e adaptação às mudanças climáticas nunca foi tão evidente.

Referência da notícia

Global Seasonal Climate Update for May-June-July 2025, publicado em 23 de Abril de 2025 pela Organização Meteorológica Mundial.