A temperatura média global continua subindo em um ritmo acelerado e preocupante. O Boletim Climático divulgado hoje (08) pelo Observatório Copernicus, o Serviço Europeu de Mudanças Climáticas, mostra que março de 2025 registrou temperaturas globais excepcionalmente altas, tornando-se o segundo mês de Março mais quente já registrado. Como consequência, também houve um declínio alarmante na extensão do gelo marinho ártico.
A análise do banco de dados ERA5, uma das bases climáticas mais consolidadas do mundo, mostrou que a temperatura média da superfície do ar em Março de 2025 atingiu 14,06°C. Este valor representa:
Este foi o 20º mês nos últimos 21 meses em que a temperatura global excedeu 1,5°C acima dos níveis pré-industriais. O Acordo de Paris, estabelecido em 2015, visa limitar o aquecimento global em 1,5°C até o final do século e, a essa altura, parece ter fracassado.
Os oceanos também registraram temperaturas elevadas. A temperatura média da superfície do mar (TSM) entre as latitudes de 60°S e 60°N foi de 20,96°C, a segunda maior já registrada para um mês de Março, atrás apenas de 2024.
Desde Março de 2023, a TSM diária tem estado substancialmente acima de todos os anos anteriores. A anomalia de Março de 2025 foi apenas 0,12°C menor do que em 2024, o recorde absoluto.
Esse aumento na temperatura dos oceanos contribui para eventos climáticos extremos, como furacões mais intensos e alterações nos padrões de precipitação - chuvas torrenciais e secas prolongadas.
Além disso, temperaturas acima da média são extremamente prejudiciais para a vida marinha, principalmente devido ao branqueamento dos corais.
No Ártico, a situação é preocupante: a extensão do gelo marinho atingiu seu menor nível para um mês de Março desde o início dos registros por satélite, com uma redução de 6% em relação à média.
Esse foi o quarto mês consecutivo em que a extensão do gelo marinho ártico atingiu um recorde mínimo para a época do ano, um indicativo claro do rápido derretimento polar.
A criosfera é a parte do sistema terrestre onde a água está na forma sólida, incluindo geleiras, calotas polares, neve, gelo marinho e permafrost. Ela tem um papel fundamental no clima global, refletindo a luz solar e ajudando a regular a temperatura do planeta.
O derretimento da criosfera devido ao aquecimento global contribui para o aumento do nível do mar, aumento na temperatura do ar e mudanças nos padrões climáticos.
Além das altas temperaturas, Março de 2025 também foi marcado por condições climáticas extremas. No sul da Europa, especialmente na Península Ibérica, foram registradas chuvas intensas que resultaram em inundações generalizadas e danos significativos.
Nos Estados Unidos, tempestades severas com ondas de tornados deixaram mais de 30 mortos na metade do mês. No Brasil, destaque para o recorde histórico de temperatura na cidade de São Paulo (SP) para um mês de Março (34,8°C) e tempestades intensas com alagamentos no fim do mês.
️ Forte temporal com granizo atingiu a região do ABC na Grande São Paulo na tarde desta segunda-feira (31).
Meteored | Tempo.com (@MeteoredBR) March 31, 2025
As chuvas provocaram alagamentos e interrupção da circulação de trens.
Fonte: Divulgação. pic.twitter.com/UX0XJRjFLT
A frequência crescente de eventos extremos, combinada com o aquecimento global sustentado, reforça a necessidade urgente de medidas para mitigar os impactos das mudanças climáticas.
O relatório do Copernicus serve como mais um alerta para a comunidade internacional sobre a importância de ações imediatas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e proteger ecossistemas vulneráveis.
Climate Bulletins, publicado em 8 de Abril de 2025 por Copernicus.