Imagine ter de resolver um quebra-cabeça com milhares de peças sem nenhuma imagem completa ou mapa para seguir. E mais do que isso - podem haver muitas peças danificadas e outras muitas faltando. Como você resolve um problema tão complexo?
Este quebra-cabeça existe na vida real - são afrescos fragmentados da antiga cidade romana de Pompéia, soterrados pela erupção do Monte Vesúvio a dois mil anos atrás. Mas, embora reconstruí-los pareça ser uma atividade impossível para um ser humano, cientistas do Instituto Italiano de Tecnologia (IIT) têm um plano em mente.
O projeto, apelidado de RePAIR, combina robótica, inteligência artificial, arqueologia e história da arte em uma tentativa de reconstruir ruínas arquitetônicas de Pompéia - que de outra forma permaneceriam incompletas, porque são muito complexas ou demandam habilidades superhumanas.
September 1st 2021 saw the launch of the 'RePAIR' project - an acronym for Reconstructing the Past: Artificial Intelligence and Robotics meet Cultural Heritage. pic.twitter.com/nTFXBejwGb
— Pompeii Sites (@pompeii_sites) September 7, 2021
O RePAIR está sendo financiado por uma doação de 3,5 milhões de euros de um fundo da Comissão Europeia que apoia projetos arriscados. Há chances de falha, mas se o projeto for bem-sucedido, a tecnologia pode ser usada para reconstruir uma variedade de artefatos culturais fragmentados ao redor do mundo.
Em Pompéia, cientistas estão digitalizando manualmente cada fragmento de afresco para criar um banco de dados digital. Mas a quantidade de fragmentos é tão grande que criar um catálogo completo seria praticamente impossível para seres humanos comuns em tempo hábil.
Por isso, o robô humanóide em si será composto por um torso, braços e mãos altamente sofisticadas, desenvolvidas no Humanoid & Human Centered Mechatronics do IIT em Gênova.
Ele terá aproximadamente o mesmo tamanho de uma pessoa normal e, assim que estiver totalmente operacional, digitalizará os fragmentos sozinho. O robô pode atuar 24 horas por dia, 7 dias por semana, sem pausas - e ainda por cima coletando mais detalhes do que um ser humano poderia captar.
Depois que cada fragmento ar por uma varredura detalhada, os resultados serão enviados para um banco de dados onde a inteligência artificial atuará tentando resolver o quebra-cabeças. Quando uma solução for encontrada, o sistema enviará a resposta de volta para o robô, que montará as peças da maneira correta.
O fato é que museus e universidades em todo o mundo mantêm vestígios fragmentados em suas coleções, muitos deles ignorados por décadas. Se esta tecnologia funcionar, os cientistas serão capazes de reconstruir não só afrescos, mas também outros artefatos e até mesmo papiros antigos, revelando partes esquecidas da história.
Se tudo der certo, os pesquisadores do RePAIR pretendem instalar o robô em Pompéia na primavera ou verão de 2022. O local exato da instalação ainda não foi decidido.