5 maneiras pelas quais as árvores tornam as cidades mais resistentes às enchentes e inundações

As enchentes e alagamentos nas cidades são cada vez mais frequentes, com o aumento dos eventos extremos. As árvores podem ser grandes aliadas nas ações de adaptação urbana às mudanças climáticas.

Bosque de Chapultepec, e, ao fundo, a moderna Cidade do México (México).
Bosque de Chapultepec, e, ao fundo, a moderna Cidade do México (México).

Com o aumento das chuvas intensas, relacionado às mudanças climáticas, e a crescente impermeabilização das cidades, os centros urbanos estão cada vez mais vulneráveis a enchentes e alagamentos. Ruas asfaltadas, calçadas de concreto e construções densas dificultam a infiltração da água da chuva, tornando os alagamentos mais frequentes e severos.

Diante desse cenário, é urgente repensar o modelo de urbanização e incluir, nas estratégias de adaptação climática, soluções que integrem a natureza ao espaço urbano. Veja a seguir cinco maneiras pelas quais as árvores contribuem para tornar as cidades mais resilientes.

Interceptando a chuva

O dossel das árvores atua como um guarda-chuva natural, interceptando a chuva antes que ela atinja diretamente o solo.

Estudos mostram que o excesso de fluxo de água nos córregos é diminuído quando eles são cercados por árvores.
Estudos mostram que o excesso de fluxo de água nos córregos é diminuído quando eles são cercados por árvores.

Isso diminui significativamente o volume de água que escorre pela superfície (runoff) durante as chuvas, dando mais tempo para que ela seja absorvida pelo solo ou escoe de forma controlada, sem causar alagamentos ou sobrecarregar os sistemas de drenagem e os rios.

Estabilizando o solo

As raízes das árvores são essenciais para manter a integridade do solo. Elas funcionam como uma malha subterrânea que segura a terra no lugar, evitando que ela seja arrastada pela chuva para dentro de rios e córregos.

Jardim Botânico de Goiânia (GO), com área de mata preservada em torno de córrego. Créditos: Jackson Rodrigues/Prefeitura de Goiânia.
Jardim Botânico de Goiânia (GO), com área de mata preservada em torno de córrego. Créditos: Jackson Rodrigues/Prefeitura de Goiânia.

Ao prevenir a erosão do solo, as árvores mantêm a capacidade dos corpos d’água de escoar corretamente, sem ficarem assoreados, o que aumenta sua eficácia no controle de enchentes.

Agindo como esponjas

As raízes profundas das árvores funcionam como esponjas naturais, auxiliando também na diminuição do runoff.

Em vez de a água simplesmente escoar pela superfície, ela penetra pelas raízes das árvores, sendo armazenada nas camadas mais profundas do solo.

Esse processo ajuda a evitar que os rios e córregos fiquem sobrecarregados durante uma chuva forte.

Reduzindo o escoamento superficial

Quando o solo está coberto por vegetação arbórea, a velocidade com que a água da chuva escoa pela superfície diminui. As folhas, galhos e raízes criam obstáculos naturais que retardam o fluxo da água.

Volume de chuva intenso nas cidades - concretadas e com falta de infraestrutura e manutenção - transforma facilmente o escoamento superficial em alagamentos.
Volume de chuva intenso nas cidades - concretadas e com falta de infraestrutura e manutenção - transforma facilmente o escoamento superficial em alagamentos.

Isso dá tempo para que a água se infiltre no solo em vez de correr diretamente para rios e bueiros, ajudando a evitar alagamentos urbanos.

Bloqueando águas de enchente

Em áreas propensas a inundações, os troncos das árvores podem funcionar como barreiras físicas. Durante eventos de cheia, essas estruturas naturais ajudam a conter e redirecionar o fluxo das águas, atuando como obstáculos que reduzem a velocidade da correnteza e protegem áreas a jusante de danos maiores.

A preservação das matas ciliares - que estão ao redor de rios, córregos, nascentes - é essencial para a prevenção das enchentes súbitas. Créditos: Reprodução/Águas SC.
A preservação das matas ciliares - que estão ao redor de rios, córregos, nascentes - é essencial para a prevenção das enchentes súbitas. Créditos: Reprodução/Águas SC.

Essas cinco funções demonstram como a natureza tem um papel vital na construção da resiliência frente a desastres. Investir em florestas saudáveis e proteger ecossistemas naturais não é apenas uma questão ambiental — é uma estratégia eficaz e econômica de adaptação climática.

Áreas verdes, como áreas de conservação, parques e arborização urbana planejada, não são apenas elementos estéticos — são infraestruturas essenciais que ajudam, entre outras coisas, a controlar o excesso de água. Preservar e investir nas árvores é, portanto, uma forma inteligente de proteger a nós mesmos.

Referência da notícia

United Nations Office for Disaster Risk Reduction, publicado em 26 de abril de 2025