Apenas três dias após o impacto catastrófico do furacão Fiona em Porto Rico, que ocorreu em meados de setembro desde ano, o Serviço Nacional de Meteorologia dos Estados Unidos emitiu um alerta para uma onda de calor extremo, que poderia exceder os 42°C - dificultando consideravelmente a recuperação do desastre.
Embora pareça uma cruel coincidência, cientistas descobriram que a situação descrita acima está se repetindo com frequência: Após a agem de tempestades tropicais ou furacões, as temperaturas podem subir para valores 5°C acima da média - ou mais, já que as estimativas foram bastante conservadoras.
Tempestade Fiona vira furacão e atinge Porto Rico pic.twitter.com/hCAo7TC7fb
— nilodavila (@nilodavila) September 18, 2022
A pesquisa foi publicada na Journal of Geophysical Research e mostrou que os perigos dos ciclones tropicais vão muito além dos ventos fortes, da chuva intensa e das inundações. Os resultados mostram, inclusive, que as ondas de calor podem chegar até regiões que não foram diretamente atingidas pelos ciclones.
O principal autor do estudo é Zackry Guido, professor no Instituto de Resiliência do Arizona (também chamado de AIRES). Lá, Guido lidera programas internacionais que incentivam a pesquisa em regiões do globo sensíveis às mudanças sociais e ambientais, o que direcionou a equipe para as regiões mais afetadas pelos ciclones, como o Caribe.
Assim, os cientistas analisaram 53 ciclones tropicais que ocorreram no leste do Caribe entre 1991 e 2020, além de 205 interações entre os ciclones e 14 cidades caribenhas. Os resultados mostraram que os índices de calor das cidades eram sempre mais quentes do que a média após a agem da tempestade, o que traz grandes riscos para a saúde humana e retarda a recuperação do local.
E para a piorar a situação, embora o artigo não tenha explorado como as mudanças climáticas podem estar afetando o fenômeno, os autores acreditam que a situação tende a piorar. Isso porque ambientes mais quentes e chuvas mais intensas se alimentam mutuamente e, consequentemente, resultam em impactos maiores.
O estudo faz parte de um grande movimento para construir uma maior resiliência climática em Porto Rico, que envolve pesquisadores de saúde pública e do clima e visa conscientizar a população sobre riscos meteorológicos, incluindo as ondas de calor.