Muitos ainda acreditam que desastres como furacões, terremotos e enchentes são eventos naturais e inevitáveis. No entanto, especialistas destacam que as decisões humanas têm um papel fundamental na intensificação dos seus impactos.
Questões como o uso do solo, a vulnerabilidade social e as mudanças climáticas são fatores-chave que transformam eventos naturais em crises devastadoras. Conheça agora cinco razões determinantes para os desastres associados às decisões humanas.
Eventos climáticos extremos e fenômenos geológicos ocorrem naturalmente, mas seu impacto é amplificado por decisões humanas. O desmatamento descontrolado, a ocupação de áreas de risco e a falta de infraestrutura adequada agravam os efeitos de enchentes, deslizamentos de terra e tempestades.
Por exemplo, cidades construídas em regiões propensas a alagamentos, como aquelas que se desenvolveram nas “planícies de inundação” - extensão mais baixa da bacia que se estende das margens do rio até os terraços - tornam-se altamente vulneráveis quando chuvas intensas ocorrem.
Os desastres não atingem todas as populações de forma igual. Pessoas em situação de pobreza, vivendo em moradias precárias e com o limitado a serviços públicos, sofrem desproporcionalmente com os efeitos de eventos extremos.
O terremoto no Haiti em 2021 ilustra esse problema: a destruição foi agravada pela pobreza generalizada e pelas condições inadequadas de moradia.
As alterações no clima global estão tornando eventos extremos mais frequentes e intensos. O aumento das temperaturas oceânicas fortalece furacões, enquanto padrões de chuva irregulares provocam secas severas e enchentes catastróficas.
O furacão Ida, que devastou parte dos EUA em 2021, foi intensificado pelo aquecimento das águas do Oceano Atlântico, resultando em prejuízos de mais de US$ 75 bilhões.
A falta de o à seguridade social, emprego estável e recursos financeiros agrava os impactos de desastres. Comunidades em situação de vulnerabilidade têm menos capacidade de se preparar, reagir e se recuperar.
A chamada ‘justiça climática’ busca responsabilizar com equidade os países que mais contribuíram para a crise climática, especialmente para apoiar as comunidades vulneráveis que menos emitem gases de efeito estufa.
Se as ações humanas contribuem para a intensificação dos desastres, também podem ser usadas para preveni-los. Políticas urbanas mais responsáveis, investimentos em infraestrutura resiliente e o combate às mudanças climáticas são estratégias essenciais.
Compreender que desastres são construídos socialmente é o primeiro o para minimizar seus danos e evitar tragédias futuras.
5 Reasons Why Disasters are Not Natural, publicado em 21 de março de 2024 por United Nations University’s Institute for Environment and Human Security (UNU-EHS).