O Dia Mundial do Meio Ambiente deste ano cai exatamente dois meses antes dos países se reunirem para continuar negociando um tratado global para erradicar a poluição plástica: 5 de junho. Inspirando-se na natureza e apresentando soluções práticas, a campanha incentivará indivíduos, organizações, indústrias e governos a adotar práticas sustentáveis que impulsionem mudanças sistêmicas.
O mundo gerará aproximadamente 400 milhões de toneladas de resíduos plásticos até 2024. Essa avalanche de garrafas de água e xampu, frascos com bomba, camisetas de poliéster, canos de PVC e outros produtos plásticos faz parte de uma crise de poluição plástica que, segundo especialistas, está prejudicando os ecossistemas, expondo as pessoas a poluentes potencialmente prejudiciais e agravando as mudanças climáticas.
Países em todo o mundo estão atualmente negociando um acordo internacional juridicamente vinculativo para acabar com a poluição por plástico. Nesse contexto, o Dia Mundial do Meio Ambiente deste ano se concentrará em maneiras de evitar que resíduos plásticos cheguem ao meio ambiente, como reduzir a poluição causada por produtos plásticos descartáveis e reformular produtos plásticos para maior durabilidade.
The air we breathe, the food we eat, the water we drink.
— UN Environment Programme (@UNEP) June 3, 2025
Microplastics are everywhere, and now in our bodies.
One thing we know? They don't belong there.
This #WorldEnvironmentDay, lets come together to take action and #BeatPlastiollution:https://t.co/e2SY5xwAG5 pic.twitter.com/OhQN69mdHB
A ONU traz 10 questões para lhe ajudar a entender o problema da poluição plástica e a tomar medidas para resolvê-lo.
Muito. Hoje, o plástico é uma parte fundamental do mundo moderno e é usado em tudo, desde peças de automóveis até dispositivos médicos. Desde a década de 1950, pesquisadores estimam que a humanidade produziu cerca de 9,2 bilhões de toneladas de plástico, das quais cerca de 7 bilhões de toneladas se tornaram resíduos.
Uma das principais fontes de poluição plástica são os produtos plásticos descartáveis, que não são reciclados na economia, obstruem os sistemas de gerenciamento de resíduos e são lançados no meio ambiente. Alguns dos produtos plásticos descartáveis mais comuns incluem garrafas de água, recipientes dispensadores, sacos de alimentos, talheres descartáveis, sacos para freezer e embalagens de isopor.
Garrafas de água, recipientes para dispensadores e bandejas para biscoitos são todos feitos de tereftalato de polietileno (PET). O polietileno de alta densidade (PEAD) é o material usado em frascos de xampu, garrafas de leite, sacos para freezer, recipientes para sorvete e assim por diante. Por outro lado, o polietileno de baixa densidade (PEBD) é usado em sacolas de compras, bandejas, recipientes e embalagens para alimentos.
Sacos para salgadinhos, pratos para micro-ondas, recipientes para sorvete, tampas de garrafas e máscaras descartáveis são feitos de polipropileno (PP). Talheres descartáveis são feitos de poliestireno (PS), e embalagens protetoras e copos para bebidas quentes são feitos de poliestireno expandido (EPS).
A resposta curta é: quase em todos os lugares. Está em lagos, rios e oceanos, respingando nas ruas das cidades e campos agrícolas, transbordando para aterros sanitários, acumulando-se em desertos e infiltrando-se no gelo marinho. Pesquisadores encontraram até detritos plásticos no Monte Everest e na Fossa das Marianas, o ponto mais profundo da Terra.
Há três grandes razões.
Em primeiro lugar, a poluição plástica pode causar estragos nos ecossistemas. Um estudo descobriu que minúsculas partículas de plástico podem retardar o crescimento de uma alga marinha microscópica conhecida como fitoplâncton, que forma a base de várias cadeias alimentares aquáticas. Além disso, os peixes frequentemente ingerem produtos plásticos por engano, enchendo seus estômagos com fragmentos indigestos que causam fome.
Em segundo lugar, o plástico frequentemente se decompõe em pequenos fragmentos (conhecidos como microplásticos e nanoplásticos), que podem se acumular no corpo humano. Microplásticos foram encontrados em fígados, testículos e até mesmo no leite materno. Um estudo descobriu que, em média, um litro de água engarrafada contém cerca de 240.000 microplásticos.
Em terceiro lugar, o plástico, ao longo de todo o seu ciclo de vida, também contribui para as mudanças climáticas. A produção de plástico é um processo que consome muita energia e foi responsável por mais de 3% das emissões de gases de efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento global, em 2020, segundo estimativas de pesquisas.
Ainda não sabemos exatamente. Mas os pesquisadores estão trabalhando arduamente para descobrir, devido à quantidade alarmante de microplásticos que estamos ingerindo.
Não. Apenas cerca de 9% dos plásticos são efetivamente reciclados, de acordo com um estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Há várias razões para isso. Muitos produtos plásticos não são projetados para serem reutilizados ou reciclados; alguns são frágeis demais para serem reciclados, enquanto outros só podem ser reciclados uma ou duas vezes.
Muitos países não têm infraestrutura para coletar e reciclar resíduos plásticos, mas talvez o maior problema seja que os sistemas de reciclagem não conseguem acompanhar o aumento explosivo de resíduos plásticos. A produção global de plástico dobrou entre 2000 e 2019.
Precisamos pensar grande. Isso significa olhar além da reciclagem e encontrar maneiras de limitar os problemas ambientais e de saúde causados pela poluição plástica. Isso envolve analisar todas as etapas do ciclo de vida do produto, desde a produção, o design e o consumo até o descarte final.
Isso é conhecido como a abordagem do ciclo de vida. Em termos práticos, significa reduzir nossa dependência de produtos plásticos descartáveis. Os produtos plásticos precisam ser redesenhados para que durem mais, sejam menos perigosos, possam ser reutilizados e, por fim, reciclados. Devemos então encontrar alternativas ao plástico em uma variedade de produtos, evitando assim que o plástico entre no meio ambiente.
Não necessariamente. Governos, empresas, organizações sem fins lucrativos e indivíduos em todo o mundo já estão implementando soluções inovadoras para acabar com a poluição plástica. E pesquisas sugerem que a abordagem do ciclo de vida pode economizar US$ 4,5 trilhões em custos sociais e ambientais para o mundo até 2040.
“Precisamos parar de pensar em soluções para a poluição plástica como um gasto. São investimentos em sociedades e um planeta saudáveis, coisas que gerariam benefícios para as gerações futuras”, disse Tonda.
“Resolver o problema da poluição plástica não só melhora o bem-estar das pessoas e do planeta, como também abre uma série de oportunidades econômicas”, complementou Tonda.
Muitos países estão abordando a poluição em nível nacional com leis elaboradas para coibir o uso de produtos plásticos descartáveis e exigir que os fabricantes de plástico assumam a responsabilidade de longo prazo por seus produtos.
No entanto, como a poluição por plástico é um problema transfronteiriço, a cooperação internacional é crucial. Portanto, os países estão atualmente negociando um tratado global para acabar com a poluição por plástico.
O Comitê Intergovernamental de Negociação, encarregado de elaborar o acordo, se reunirá para a segunda parte de sua quinta sessão, de 5 a 14 de agosto de 2025, em Genebra, Suíça. Segundo especialistas, essas negociações representam um reconhecimento, por parte dos líderes mundiais, da gravidade da crise da poluição plástica e da necessidade de um acordo juridicamente vinculativo para lidar com ela.
Sem medidas decisivas, o problema da poluição plástica só tende a piorar. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) prevê que, até 2060, os resíduos plásticos quase triplicarão, atingindo um bilhão de toneladas por ano. Se as tendências atuais continuarem, isso levará a um aumento na poluição plástica, com quase metade dos resíduos plásticos recém-gerados sendo depositados em aterros sanitários, incinerados ou descartados no meio ambiente.
A ONU nos convida a aderir ao movimento #CombataaPoluiçãoPlástica, porque juntos podemos criar um futuro mais saudável. Você pode participar do evento no dia 5 de junho clicando no mapa e compartilhando-o com o mundo.
"Respondiendo 10 preguntas claves sobre la contaminación por plástico". Programa para o Meio Ambiente, ONU. 6 de maio, 2025.