A maior tragédia climática da história do Rio Grande do Sul completa um mês nesta quarta-feira (29). Menos de 24 horas após as fortes chuvas do dia 29 de abril, a Defesa Civil gaúcha já notificava sobre os primeiros mortos e desaparecidos registrados por conta das fortes chuvas.
Confira os números atualizados pela Defesa Civil do Rio Grande do Sul nesta quarta-feira (29):
Segundo a atualização desta última terça-feira (28), o nível do Guaíba está com 3,68 metros, se mantendo abaixo dos 4 metros. A principal preocupação agora é como as cidades podem se preparar para evitar ou mitigar este tipo de tragédia que ocorreu no Rio Grande do Sul.
De acordo com o arquiteto chinês Kongjian YU, ao invés de “lutar contra a água” é necessário investir em soluções duradouras e baseadas na natureza. Atualmente, o sistema de contenção de águas é realizado através de barragens e diques, que estão destinados a fracassar diante destas tragédias.
Tais estruturas são utilizadas para armazenar água para o abastecimento, irrigação ou geração de energia elétrica, porém, diante dos últimos acontecimentos no Rio Grande do Sul, as barragens entraram em níveis de emergência no início deste mês. No dia 2 de maio, a barragem 14 de julho rompeu parcialmente e moradores de regiões próximas ao Rio Taquari tiveram que sair das suas casas.
O governo estadual do Rio Grande do Sul oficializou a ruptura da estrutura da barragem 14 de Julho, situada entre Cotiporã e Bento Gonçalves, às margens do Rio das Antas. Recomenda-se urgentemente que os residentes de Santa Tereza e das áreas adjacentes aos rios Das Antas e pic.twitter.com/GBow6FEFvu
— Porto Alegre 24 Horas (@portoalegre24h) May 2, 2024
A barragem 14 de Julho fica localizada na Serra Gaúcha. À margem direita, ficam os municípios de Cotiporã e Veranópolis. Na margem esquerda está a cidade de Bento Gonçalves. E este caso exemplifica que as barragens não são capazes de ar eventos extremos de chuvas, como ocorrido no Rio Grande do Sul.
Uma alternativa sugerida pelo arquiteto é a implementação de uma infraestrutura verde, com o intuito de realizar o balanço hídrico, mesmo que artificialmente, o mais parecido com o natural.
Nada mais que criar espaços capazes de absorver, reter e liberar a água da chuva de forma que ela retorne ao ciclo natural sem causar estragos. A ideia é denominada de cidades esponjas.
Outro benefício, além de impedir inundações, é o de ser útil em períodos de seca, pois a água armazenada pode ser usada para irrigação e para manter as árvores da cidade em boas condições. Mas para que o conceito das cidades-esponja funcione corretamente, é importante levar em consideração três aspectos:
A água tem que ser retida assim que ela toca o solo, por meio de áreas permeáveis e porosas, o contrário do que é encontrado nos grandes centros urbanos, que são ruas pavimentadas. E para contenção, a cidade deve possuir lagos artificiais que ajudem o armazenamento da água, bem como telhados verdes que também podem ser usados para esse propósito.
Uma das grandes dificuldades em casos de eventos extremos de precipitação é o controle do fluxo de água, ao invés de tentar canalizar a água rapidamente para longe é importante reduzir a velocidade da água a partir da criação de áreas verdes e habitats para animais. Além disso, a água escoada na superfície verde remove as toxinas poluentes, proporcionando uma espécie de filtro para o fluxo pluvial.
E a última estratégia é adaptar as cidades para que elas possuam áreas alagáveis. É isso mesmo, lugares próprios para a água escoar sem causar destruição. E estes lugares devem ser o mais natural possível e deve-se evitar a construção de residências nesta região.
Para o funcionamento pleno deste sistema é super importante expandir por várias regiões, justamente para criar uma espécie de “planeta-esponja”.