É uma das atrações turísticas mais populares do Turquemenistão, um país da Ásia Central que em tempos foi uma república soviética. Para lá chegar, tem de viajar até ao remoto deserto de Karakum, o décimo maior do mundo.
Ali, entre dunas e montes de areia, existe uma espécie de "buraco" de proporções alucinantes: tem 69 metros de comprimento e 30 metros de profundidade, uma enorme cratera que é o resultado de um erro humano. Não se trata de um vulcão ou de qualquer outro fenômeno natural, mas de uma grande bolsa de gás natural que foi perfurada por engano e ficou assim.
El pozo de Darvaza, mejor conocido como las Puertas del Infierno, es un cráter que lleva ardiendo décadas en Turkmenistán y que se ha convertido en un atractivo turístico. El misterio de este pozo infernal es la cantidad de teorías sobre su origen.️ pic.twitter.com/LAQLDOumtc
— Cerebro Digital (@digitalcerebro) November 14, 2023
Para compreender a história, temos que recuar a 1971, quando uma empresa soviética decidiu perfurar o deserto em busca de depósitos de gás natural.
O fracasso da prospecção provocou o desmoronamento do solo e a queda da sonda de perfuração para o fundo do abismo, revelando uma enorme caverna subterrânea de gás metano.
Assustados, e para evitar uma possível catástrofe natural provocada pelos gases, os soviéticos tiveram a grande ideia de incendiar a cratera para que os gases acabassem por se extinguir completamente.
Essa má escolha deu origem ao que é atualmente um grande poço de onde sai constantemente fogo, que arde a uma temperatura de 400 graus Celsius. É por isso que é conhecido como "As Portas do Inferno".
Embora possa parecer inútil à primeira vista, na realidade não é a pior solução, uma vez que é mais prejudicial liberar metano de forma descontrolada, ainda mais do que o dióxido de carbono que gera. A queima controlada de gás metano é uma prática comum em países produtores de petróleo como os EUA, o Iraque e o Irã.
O que é menos claro é se as emissões constantes de metano e de outros gases nocivos constituem uma ameaça para a saúde humana e para o ambiente, razão pela qual as autoridades consideraram várias opções. Inicialmente, foi considerada a opção de tapar o buraco, mas foi rejeitada devido à sua complexidade.
Os cientistas que conseguiram descer às entranhas da cratera acreditam que as soluções consideradas até agora são ineficazes, uma vez que o gás natural está sempre à procura de formas de subir à superfície.
De qualquer modo, para já, a situação mantém-se normal, pois as autoridades aperceberam-se do potencial turístico desta cratera. Os números falam por si: é uma das atrações turísticas mais populares, recebendo cerca de seis mil visitantes por ano.